A criptografia simétrica foi a
primeira a ser utilizada na cifra de mensagens que deveriam ser trocadas de
maneira segura entre seus interessados. Neste modelo de criptografia, a mesma
chave secreta que é utilizada para criptografar uma mensagem, é utilizada também
para descriptografá-la. Há relatos deste modelo no reinado de Julio Cezar no
império romano a mais de dois mil anos, utilizado para as investidas de batalha
contra seus inimigos, a técnica utilizada pelo mesmo ficou popularmente conhecida
como o Cifra de César. A técnica era
muito simples, bastava uma substituição de N posições à frente no alfabeto, o
padrão utilizado por César é a substituição de três posições, de maneira que o
alfabeto para as mensagens criptografadas se tornava como a seguinte
ilustração;
De maneira tal, a mensagem - Ataquem ao
amanhecer - enviada por Júlio César a seus guerreiros, seria cifrada para algo
como “Dwatxhp dr dpdqkhfhu”, logicamente assumindo que o idioma fosse o
português e a este o alfabeto supracitado.
A primeira impressão, o método
parece ser bastante eficaz, mas para decifrar a mensagem, assumindo um alfabeto
de 26 letras, um interceptador necessitaria de testar apenas 26 chaves
possíveis para encontrar a correta e decifrar a mensagem.
Outra técnica bastante parecida com
o Cifrar de César, porém com um grau de dificuldade de quebra um pouco maior, é
a Cifra de Substituição Mono-Alfabética,
sendo que neste método, cada símbolo do alfabeto é substituído por outro, ou
seja, cada caractere tem seu substituto próprio. No trabalho de “Fernanda
Taline da Silva e Fabiana Garcia Papine”, as mesmas apresentam uma prévia da
Substituição Mono-Alfabética dizendo que por volta do século X os administradores
árabes usavam desta técnica para proteger os registros de impostos, apenas
rearranjando o alfabeto original, trocando cada letra por outra, e também os
pontos e os espaços entre as palavras. Afirma ainda que esta cifra permanecera
invulnerável durante séculos. Um exemplo de substituição do alfabeto com o
método mono-alfabético pode ser observado na seguinte ilustração;
Assumindo
então o idioma Português e o alfabeto supracitado, a mensagem - Registro de
Impostos. - tem a cifra subsequente igual a “Xyjdmvxe§ky§dlwemvem^”. A chave
para a descriptografia é o alfabeto cifrado por inteiro, de maneira tal, o
emissor e o receptor devem ter conhecimento completo do mesmo. Nota-se uma
evolução da Substituição Mono-Alfabética para com Cifra de César, visto que se
um interceptador verificar que a letra “c” está deslocada cinco posições, não
tem a garantia que as outras letras do alfabeto se encontram na mesma
sequência, então as chances de quebra se tornam muito menores. Para este tipo
de cifra, há uma técnica de criptoanálise denominada Análise de Frequência, cujo tal técnica fora desenvolvida no século
IX por Al-Kindi, um cientista que descreveu a técnica de estudar a frequência
das letras para quebra de códigos. A técnica consiste-se basicamente em, conhecido
o idioma da mensagem, deve-se ter um texto no mesmo idioma da mensagem, longo o
suficiente para encher uma página, então deve-se contar a frequência com que
cada letra aparece, em seguida deve-se analisar o criptograma que se deseja
decifrar e também classificar seus símbolos, com relação a frequência com que
aparecem na mensagem. Em cada idioma, encontram-se letras que são mais usadas
do que outras, o que certamente resulta em uma maior frequência de aparecimento
se seu símbolo substituto. Se for fazer uma análise da língua portuguesa, por
exemplo, o símbolo mais frequente será a letra “a” em seguida da letra “e”, e
assim por diante, ao decifrar uma mensagem, torna-se fácil decifrar uma série
de símbolos e assim alavancar a decifração de outras palavras.
Outra técnica de criptografia
simétrica bastante conhecida é a chamada Cifra de Vigenère que faz parte da
Cifra de Substituição Poli-alfabética,
cuja mesma fora desenvolvida por vários pensadores, dentre eles o italiano Leon
Battist Albert que foi o idealizador, o alemão Johannes Trithemius, o também
italiano Giovanni Porta, até que o francês Blaise de Vigenère concluísse tal
cifra na sua forma final, o qual levou seu nome em homenagem. O grande detalhe
desta cifra idealizada por Leon Albert é a proposta de não existir um único
símbolo de cifra para determinado símbolo do alfabeto. Blaise Vigenère
adicionou à cifra a possibilidade do uso de uma chave para encontrar os
símbolos de cifra para o alfabeto original. A cifra de Vigenère consiste em uma
tabela denominada tabela de Vigenère, sendo uma tabela formada por linhas e
colunas, e a primeira linha e primeira coluna são respectivamente índices da
tabela. Vale observar que a quantidade de linhas é igual à quantidade de letras
existente no alfabeto. A imagem 7 ilustra um quadro de Vigenère onde é assumido
o alfabeto português incluindo as letras estrangeiras K, Y e W, que juntas
somam vinte e seis (26) letras.
A utilização da cifra de Vigenère
resume-se em obter uma tabela de Vigenère, a mensagem a ser cifrada e uma
palavra chave, sendo que esta é responsável pela substituição da cifra no lugar
da letra do alfabeto original. A cifra da mensagem ocorre letra a letra, sendo
que cada letra da mensagem corresponde à letra subsequente da palavra chave, e
esta é repetida quando a palavra acabar. As letras das palavras no alfabeto
original devem ser encontradas no índice horizontal, e a letra da palavra chave
correspondente, o índice vertical. Por exemplo, assumindo o quadro de Vigenère
da imagem sete, a mensagem “O conhecimento dignifica e forma o homem” e a
palavra chave “segredo”, para codificar tal mensagem, deve-se encontrar o
índice horizontal “o”, e o índice vertical “s”, que tem como correspondente a
letra “G”, para o índice horizontal “c” o índice vertical “e” que tem como
correspondente a letra “g”, para o índice horizontal “o” o índice vertical “g”
tem como correspondente a letra “u”, e assim por diante. Como resultado final,
a cifra equivalente para tal mensagem é: “G guelhqaqkexr raktznlqs i lfvpo g ludip”.
O importante a ser notado, é que a adição de uma letra na palavra chave, ou a
subtração, ou ainda a modificação/substituição completa da palavra, irá gerar
uma mensagem cifrada totalmente diferente, mesmo que referencie a mesma
mensagem original. O que o emissor da mensagem e o receptor devem conhecer, é o
alfabeto e a palavra chave em comum.
A quebra da cifra de Vigenère é
muito mais difícil de ocorrer que os dois modelos apresentados anteriormente, não
há relação dentro das posições das letras, e a análise de frequência também não
tem sucesso, de maneira tal apresenta até certo nível de segurança, tendo que o
número de chances possíveis para o quadro de Vigenère da imagem sete aproxima-se
a uma exponenciação de 2626.
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